Maria Cintia Soares realiza quimioterapia no HRVJ
Maria Cintia Soares (51), residente de Morada Nova, notou um nódulo suspeito na mama, que foi identificado também em uma ultrassonografia. “Eu fui para o médico do postinho, que solicitou uma mamografia. Depois eu fui encaminhada para a cidade de Russas, onde a médica seguiu com os trâmites para biópsia, que acusou um tumor maligno”, conta.
Com o resultado, ela foi encaminhada para fazer tratamento no Hospital Regional Vale do Jaguaribe (HRVJ), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), em Limoeiro do Norte. “Estou sendo acompanhada aqui e está sendo ótimo, porque é perto de casa. Até o momento eu já fiz quatro sessões de quimioterapia vermelha e se iniciou hoje a primeira sessão branca, de um total de 12. Após finalizar, eu farei a cirurgia”, relata Cintia.
A paciente já realizou cinco sessões de quimioterapia
Dos cerca de 2,4 mil atendimentos realizados no setor de oncologia do HRVJ este ano, 300 são de pacientes com câncer de mama, o que representa 12,5% do total. Atualmente há 272 pessoas em tratamento na unidade, que foi a primeira no estado a ser implantada em um hospital público geral. O serviço atende pelo menos 20 municípios da região.
O médico oncologista do HRVJ, Bruno Águila, lembra que este número reflete não apenas a capacidade e a dedicação da equipe médica, mas também a importância do diagnóstico precoce e do tratamento adequado. Segundo Águila, cada atendimento significa uma vida impactada, uma história de coragem e resiliência.
“Para os 272 pacientes que ainda estão em tratamento, minha mensagem é de esperança e força. Continuem acreditando na recuperação, apoiem-se umas nas outras e confiem na equipe médica que está ao seu lado. A luta contra o câncer de mama é desafiadora, mas com determinação e apoio, é possível vencer. Lembrem-se sempre: cada dia de tratamento é um passo a mais rumo à cura. Estamos todos torcendo por vocês”, destaca Bruno.
Nova realidade e melhores condições para quem mora no interior
Assim como Cíntia, a agricultora de Arneiroz, Maria da Paz Leite Mota, descobriu um nódulo no seu seio. “Não doía, era meio duro. Aí, fiz um ultrassom, pediram a biópsia e confirmaram que era câncer”, conta Maria. O município dela é um dos 20 da região atendidos pelo Hospital Regional do Sertão Central (HRSC), unidade da Rede Sesa em Quixeramobim. Para ela, a praticidade de se deslocar em pouco mais de duas horas é fundamental.
“Se eu tivesse que viajar da minha cidade para Fortaleza, tinha que sair de lá onze horas da noite anterior, é muito cansativo. Fazer aqui é melhor”, afirma Maria da Paz, que já está na terceira sessão de quimioterapia e retorna a cada 21 dias, sempre acompanhada pelo esposo, Olivardo Lima de Sousa.
Maria da Paz e o companheiro Olivardo durante sessão de quimioterapia no HRSC
A estratégia de regionalizar o serviço tem sido divisora de águas para quem necessita do tratamento no interior do Ceará, garantindo o atendimento sem a necessidade de deslocamentos até grandes centros, ajudando a reduzir o desgaste físico e emocional dos pacientes.
Desde que foi entregue pelo Governo do Ceará, no último dia 15 de julho, o serviço de oncologia do HRSC já realizou 606 consultas ambulatoriais e 489 sessões de quimioterapia. 270 cirurgias oncológicas já foram feitas no período.
Leonardo Oliveira, médico coordenador do serviço de oncologia do HRSC, ressalta o reflexo dessa facilidade para a população do Sertão Central. “A gente consegue percebe a alegria dos pacientes por poder fazerem o tratamento aqui. Agora, estamos conseguindo antecipar os tratamentos e proporcionar mais chances de cura”, explica.
No trajeto de sua casa até o HRSC, Maria da Paz é permeada pela fé e o sonho que tem, junto do esposo, de um dia poder ouvir soar o “sino da esperança”. O objeto é tocado, simbolicamente, pelo paciente que finaliza o tratamento e recebe o diagnóstico de remissão do câncer. “Toda vida que venho fico vendo o sino e fico imaginando que logo, logo vou ser eu quem vai tocar. A gente não pode baixar a cabeça, tenho fé em Deus que ficarei boa”, diz.
Mamografias detectam tumores impalpáveis
Apesar de ainda ser importante tocar e conhecer o corpo para observar qualquer mudança na fisiologia dele, o acompanhamento médico e a rotina periódica de realização de exames indicados ainda são as formas mais eficazes de identificar o câncer de mama. A mamografia, recomendada a partir dos 50 anos (ou quando houver indicação médica), é fundamental na descoberta de tumores não palpáveis, permitindo tratamento em tempo hábil e menos invasivo. Quanto mais cedo se começa um tratamento, maiores são as chances de cura.
O caminho para o exame começa na consulta de rotina nos postos de saúde, onde o profissional de saúde solicita a mamografia de rastreamento. O município, através de sua Secretaria da Saúde, regula e agenda para a Policlínica Estadual de referência. Após realizar o exame, o paciente retorna ao município para continuidade de seu rastreamento, conforme o resultado, ou é encaminhada para o mastologista da própria policlínica.
Neste mês de outubro, estão disponíveis mais de 17 mil mamografias nas 22 policlínicas distribuídas em todo o estado. Essas unidades disponibilizam ainda consultas com mastologistas, realização de ultrassonografias mamárias e biópsias. Caso necessário, as pacientes são encaminhadas para os hospitais.
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