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Artesanato de internos do sistema prisional cearense é destaque na 6ª Feira Nacional de Artesanato e Cultura

A 6ª edição da Feira Nacional de Artesanato e Cultura (Fenacce) traz uma oportunidade especial para a população privada de liberdade do Ceará. O evento, que ocorre no Centro de Eventos do Ceará, em Fortaleza, de 20 a 29 de novembro, apresenta uma exposição e comercialização de peças artesanais produzidas por internos de seis unidades prisionais do estado.

Essa iniciativa integra os projetos “Arte em Cadeia” e “Reciclarte”, coordenados pela Coordenadoria de Inclusão Social do Preso e do Egresso (Coispe), da Secretaria da Administração Penitenciária e Ressocialização (SAP). A artista plástica Socorro Silveira, responsável pelo projeto Reciclarte, conseguiu expor seu trabalho como pessoa física, destacando sua dedicação à arte sustentável. Além disso, ela levou o projeto Arte em Cadeia para ser exibido na Fenacce, ampliando a visibilidade das iniciativas que promovem a inclusão social e o talento dos artistas envolvidos.

Os visitantes terão acesso a mais de 250 itens, que vão desde almofadas de chita, mochilas de patchwork, jogos americanos de vagonite, produtos em ponto cruz, até bolsas feitas de macramê e crochê. Além de estimular a criatividade e habilidades dos internos, a ação visa promover a ressocialização por meio do trabalho e da valorização da arte, gerando uma renda que pode auxiliar tanto os participantes quanto suas famílias. O estande dos projetos também evidencia o potencial transformador do artesanato, reforçando o papel da reintegração social por meio da economia criativa.

A coordenadora de Inclusão Social do Preso e do Egresso, Cristiane Gadelha, fala sobre a importância na exposição. “O projeto é muito importante para o sistema prisional. A Fenacce, nesse momento, é uma vitrine para dar visibilidade ao que acontece no interior das unidades prisionais do Ceará. Hoje, o projeto “Arte em Cadeia” chega a 700 internos fabricando para que a SAP possa, com o recurso, gerar mais projetos de ressocialização. Então, há uma diversidade de técnicas de artesanato e de tipologias, que vão desde o tenerife, a renda filé, crochê, patchwork e bordada. São técnicas incríveis. É um trabalho muito bonito, com visibilidade e responsabilidade social. A gente vê que o interno que está envolvido, tem interesses e está se capacitado para amanhã ser um empreendedor quando ganhar a liberdade”, concluiu.

A visitante e supervisora de vendas, Cátia Cisne Álvaro, se emociona ao conhecer o projeto “Arte em Cadeia”. “Fiquei apaixonada pelo projeto, pois ao saber que essa peça foi feita por um interno, isso me tocou e parei imediatamente para conhecer e contribuir. A peça é muito linda e vou vestir com muito orgulho, pois representa uma história pra mim. Eu espero que o projeto tenha muito sucesso. Fiquei apaixonada e gostaria de ter outras oportunidades de contribuir mais. É apaixonante o ser humano conseguir fazer esse resgate de outra pessoa através do trabalho. Eu repito sempre, é só o trabalho que traz dignidade. Então, acho que todo cidadão merece isso. Fico muito feliz pelo projeto de vocês e parabéns”, afirma.

A visitante do Distrito Federal e também expositora na Fenacce, Alana Nunes, se surpreendeu com o projeto. “Eu não conhecia e eu já tinha visto outros projetos em que trazem ofícios para a pessoa pessoas privadas de liberdade poderem se ressocializar. Mas confesso que com esse design e qualidade igual a essas peças eu não tinha visto. Esse também foi um dos motivos que parei para conhecer. O nome do projeto me chamou a atenção e imaginei que fosse um projeto desenvolvido em presídios. Além da qualidade, o preço está super acessível e vale a pena”, afirma.

A artista plástica e responsável pelo projeto “Reciclarte”, comemora o sucesso da exposição. “Estou muito feliz de participar da Fenacce como expositora e de ter conseguido uma oportunidade para os projetos Arte em Cadeia e Reciclarte. O mais importante é saber que nosso trabalho tem um significado profundo. No meu estande, tem arte e artesanato, e o estande da SAP também apresenta o artesanato que faço, mostrando que, embora usemos materiais diferentes, a essência é a mesma. Isso é gratificante, pois me conecta ao sistema, que faz parte de mim. Tenho um amor pela arte, pelos internos e pelo projeto, e sempre levo isso comigo onde quer que eu vá”, disse.

Perspectivas

O artesanato é uma das principais atividades desenvolvidas para os internos no sistema prisional do Ceará. Além da perspectiva artística e o retorno financeiro, a prática também contribui para a qualificação, a ocupação, a elevação da autoestima, a projeção de futuro positivo e a remição de pena para as pessoas privadas de liberdade.

A Coordenadoria de Inclusão Social do Preso e do Egresso da SAP tem fortalecido esse trabalho por meio do projeto “Arte em Cadeia”, “Rede Artesã” e “Reciclarte”. O projeto incentiva a cultura e possibilita uma nova realidade aos internos do sistema penitenciário cearense.

O projeto “Arte em Cadeia” possui a participação de 700 internos na produção, onde seis unidades são beneficiadas. No total, são confeccionadas 2000 peças por mês e distribuídas em três pontos de vendas: Emcetur, RioMar Kennedy e Shopping Benfica. Neste projeto, além de aprenderem uma nova profissão, recebem o benefício da remição de pena que garante ao interno um dia de pena a menos a cada três dias de trabalho.

Os recursos arrecadados com a comercialização das peças são depositados no Fundo Rotativo do Sistema Penitenciário Cearense (Furopen), criado pela Lei Estadual n° 17.610, de 6 de agosto de 2021, nos quais são utilizados para manutenção dos estabelecimentos prisionais e para atividades de reinserção social da população carcerária.

O projeto “Rede Artesã” vem fortalecendo esse trabalho de forma diferente e possibilitando uma nova realidade aos internos e seus familiares. Além de aprenderem uma nova profissão, recebem o benefício da remição de pena e ajudam na renda familiar mesmo estando privados de liberdade. Todas as peças produzidas pelos internos são entregues aos familiares para que possam ser comercializados como uma forma de renda extra ou até renda principal para o núcleo familiar dos detentos. Além disso, o vínculo familiar é fortalecido devido a presença da família na comercialização e encaminhamento dos insumos.

Para a produção dos artigos, todo o material usado é fornecido pelos próprios familiares. Os principais materiais utilizados são agulhas, botões, linhas e fios de malha. Por ser um material de fácil acesso, barato e com diversas cores, a confecção tem uma enorme variedade de produtos.

Já o projeto “Reciclarte” teve início na Unidade Prisional Francisco Hélio Viana de Araújo (UP-Pacatuba) e é desenvolvido pela artista plástica Socorro Silveira. A iniciativa visa implementar uma nova dinâmica de oficinas de trabalho, com a reutilização de resíduos têxteis doados pela empresa Malwee, instalada no sistema prisional, especializada na confecção de peças de vestuário. Os internos são capacitados em várias técnicas de reaproveitamento de materiais recicláveis em suas criações, com foco na sustentabilidade e na promoção da arte a partir da utilização de materiais menos convencionais.

Serviço

Data: 20 a 29 de setembro/2024
Local: Centro de Eventos do Ceará ( Av. Washington Soares, 999 – Edson Queiroz)
Horários:
Dia 20 – Abertura oficial do evento as 15h.
Finais de semana – 11h às 22h
29/set – 11h às 20h
Dia de semana – 15h às 22h

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Escrito por tvprincesavalenews

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