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Indígenas da etnia Warao recebem materiais para produção de peças que serão comercializadas na CeArt

Com diferentes cores e combinações, os colares que Inaira Arzolai (37) leva no pescoço carregam uma história que vem antes de seu nascimento, trazendo a beleza, a cultura e a tradição artesanal do povo Warao. Indígena da etnia, que é a segunda maior da Venezuela, Inaira conta que aprendeu a fazer as peças ainda menina, vendo e repetindo os movimentos realizados pela mãe e pelas mulheres mais velhas de sua aldeia.

Entre as peças que criava em seu país natal estão colares, brincos e pulseiras, feitas a partir do buriti, além de saias e vestidos de cores vibrantes e diversas. “Fazia artesanato, mas não para vender, fazia para minha própria família, para mim”, lembra ela, que vive no Brasil há cinco anos.

Ela integra o grupo produtivo de indígenas Warao que recebeu, na última terça-feira (20), materiais para produção de peças artesanais que serão comercializadas nas lojas da Central de Artesanato do Ceará (CeArt), equipamento da Secretaria da Proteção Social (SPS).

Designer da CeArt, Jô de Paula explica que a ação vem sendo realizada desde junho de 2024, como parte de uma estratégia para atender a esta população, que vive em situação de vulnerabilidade, no Centro de Fortaleza.

“No primeiro encontro, nós conhecemos o trabalho deles, vimos que era um trabalho de muita qualidade, e como eles estão nessa situação grave de vulnerabilidade, nós conseguimos fazer essa parceria. Compramos as miçangas e hoje estamos entregando o material, como um primeiro incentivo para eles poderem fazer esse pedido para a gente. Então, eles vão produzir e nós vamos comprar e vender na loja”, explica Jô de Paula.

“Essa iniciativa está sendo importante para introduzir eles na economia local e também pela questão da preservação cultural de, apesar deles terem vindo para outro país, eles poderem manter a cultura deles”, completa.

Na ocasião, foram entregues miçangas e complementos para a produção de 108 peças, entre colares, brincos e pulseiras. No total, 14 pessoas integram o grupo produtivo. As produções artesanais serão entregues à CeArt em um prazo de 30 a 60 dias, para comercialização nas lojas e feiras. O encontro foi acompanhado por representantes da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e da Secretaria de Direitos Humanos (Sedih).

Assistente social do programa de Atenção ao Migrante e Refugiado da Secretaria de Direitos Humanos, Mara Aguiar participou do momento, e destacou a importância da iniciativa para essa população. “Hoje, a gente vai registrar uma criança e já identifica a mãe como artesã, como profissão. Isso já ressignifica muitas dores, muitos desafios que nós enfrentamos junto ao povo Warao. Nós estamos aqui resolvendo um pouquinho da situação, para amenizar alguns impactos, e nós estamos nesse processo”, frisa.

“Foi uma construção, chegarmos até aqui. […] E eles vão precisar realmente continuar esse fortalecimento com toda a equipe CeArt e estamos aqui para garantir esse diálogo, e ressignificar todo esse processo dessa migração que eles tiveram que fazer forçadamente para garantir um sonho, uma esperança”, completou.

Além da iniciativa produtiva, junto à CeArt, outras ações têm sido desenhadas para atender a demanda desta população, como o atendimento pelo programa Mais Nutrição que, desde o dia 22 de julho, vem levando insumos alimentícios para o grupo. As entregas acontecem quinzenalmente, como parte de estratégia para garantir a segurança alimentar e nutricional desta população. Entre os insumos estão frutas, legumes e alimentos não perecíveis arrecadados na Ceasa e na Cidade Mais Infância.

Sobre o Povo Warao

De acordo com a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), os Warao são um povo indígena venezuelano que constitui a segunda etnia mais populosa do país, com cerca de 49 mil pessoas de acordo com o censo de 2011, o último efetuado na Venezuela. Falam o idioma Warao e, em níveis variados de fluência, o espanhol.

Conhecidos pela produção artesanal vibrante, os Warao trabalham com a fibra do buriti, abundante na região amazônica. Diante da falta desse material no Estado, a Secretaria da Proteção Social (SPS), por meio da CeArt, tem buscado alternativas para apoiar sua produção e integração na economia local.

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Escrito por tvprincesavalenews

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