Em 2022, o turismo no Ceará cresceu 36,7% em relação a 2021, quando também registrou elevação de 19,5%. Inclusive, o desempenho cearense, no ano passado, superou o registrado nacionalmente, que foi de 29,9%, maior que os 22,2% de 2021. Os números estão no Enfoque Econômico (Nº 246) – Desempenho no Ano de 2022 da Atividade Turística do Estado do Ceará, que acaba de ser publicado pela Diretoria de Estudos Econômicos (Diec) do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece).
O analista de Política Públicas, Daniel Suliano, autor do trabalho, afirma que o crescimento em 2022, de quase 37% do turismo estadual, ocorreu diante de uma base já elevada do ano imediatamente anterior. “Em 2021, o crescimento do turismo se deu no bojo da retomada da economia, após a crise sanitária que atingiu toda a economia mundial em 2020. De fato, em 2020, o recuo do setor havia sido de 41% (Ceará) e 36,7% (Brasil), respectivamente”.
Ele explica que é possível constatar, ao analisar o desempenho do setor, que existe uma tendência de crescimento, “não obstante que haja claros sinais de fechamento do hiato do produto da economia brasileira e configurando uma economia próxima ao pleno emprego”. Para ele, a atividade turística cearense segue no mesmo ritmo da nacional. Isso permite que o ciclo econômico do setor turístico esteja alinhado ao ciclo do turismo nacional, tendo este também estado em consonância com o ciclo de negócios da economia brasileira. Esse alinhamento é verificado quando se observa as flutuações do produto da economia brasileira com base nos ciclos de negócios.
Ciclo turístico
Daniel Suliano observa que, em 2012, embora a economia brasileira estivesse em um ciclo de expansão econômica, de acordo com o comunicado do Comitê de Datação de Ciclos Econômicos (Codace) de 2009, os três trimestres do ano do segmento turístico operaram em terreno negativo. Em 2013 e 2014, o setor turístico cearense se desloca parcialmente do setor nacional ao apresentar taxas de crescimento superiores. “Nesses anos, foram realizadas a Copa das Confederações e a Copa do Mundo, respectivamente, podendo ter impactado diretamente no setor”.
Adicionalmente, no primeiro trimestre de 2014, ressalta o Analista de Políticas Públicas, foi identificado a ocorrência de um pico no ciclo de negócios brasileiro e a entrada do país em uma recessão. Não obstante, o segmento ainda apresentava fortes taxas de crescimento positivas. Já de 2015 até o segundo trimestre de 2018, o turismo cearense amargou um desempenho abaixo do esperado, tendo apresentado uma sequência de trimestres com crescimento negativo, apesar de que, a partir do primeiro trimestre de 2017, a economia brasileira tenha iniciado um ciclo de expansão, isso de acordo com o comunicado do Codace de 2017. “Em outras palavras, o setor apresentou um lag no que concerne à sua retomada”, frisa.
“Após a crise sanitária (da covid-19), o turismo apresenta dois picos: um no segundo trimestre de 2021, de 97,4%, e o outro, no segundo trimestre de 2022, de 77,8%, acrescenta Suliano. Ambos podem estar relacionados com a abertura do setor de serviços, segmento que compõe o índice de atividades turísticas e que foi o mais atingido com as medidas de isolamento social. Analisando a tendência do segmento, desde o último pico, pode-se observar que o setor vem indicando taxas decrescentes o que, diferentemente da análise anual, pode indicar arrefecimento do setor para os próximos períodos.
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