Quem encontrar a espécie, deve informar o aparecimento do bicho à Secretaria do Meio Ambiente do Estado pelo e-mail cientistachefesema@gmail.com
A Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) informa que, ao contrário do que foi noticiado pela mídia local e nacional, é falso que o pescador que pisou num peixe-leão na praia de Bitupitá, no município de Barroquinha, no litoral oeste do Estado, tenha sofrido paradas cardíacas. Entretanto, por ter tido sete perfurações no pé causadas pelos espinhos do animal peçonhento, considerado invasor no litoral brasileiro, o jovem de 24 anos apresentou dores intensas no local, febre e convulsões. Após uma semana e três passagens por unidades de saúde de Barroquinha e Camocim, município vizinho, o paciente está em casa, desde o último domingo (24), com quadro clínico estável, consciente e sem febre. A pasta estadual segue monitorando o caso.
Na manhã desta quinta-feira (28), foi realizada reunião para discutir o cenário com representantes da Sesa e de suas células de Vigilância Epidemiológica, Ambiental e da Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora; da Secretaria do Meio Ambiente do Ceará (Sema); do Instituto de Ciências do Mar (Labomar) da Universidade Federal do Ceará (UFC) e dos órgãos de vigilância e das unidades de saúde dos municípios de Barroquinha e Camocim e da Superintendência de Saúde da Região Norte.
Acidente inédito
Não há precedentes de ocorrências semelhantes no Brasil, já que o acidente na costa cearense é considerado o primeiro do País com peixe-leão fora de ambientes de aquário. Em situações anteriores com aquaristas, foram observados sintomas como dor aguda no local da perfuração e febre, causadas pela toxina do animal no organismo humano.
Migração de espécie invasora
Registros da Sema e do Labomar/UFC apontam para uma migração dessa espécie invasora. Os peixes-leão são oriundos da região do Indo-Pacífico, das águas fundas do sul da Índia, da Indonésia, da China e do oeste da Austrália. Por serem animais ornamentais, são comuns em aquários do mundo todo. Não se tem uma causa definida para o surgimento desses animais nos mares do Caribe na década de 1980.
No Norte do Brasil, nos estados mais ao norte do Nordeste, como Piauí e Ceará, e no arquipélago de Fernando de Noronha (PE), os registros são recentes e datam dos anos de 2020 e 2021. No litoral nordestino, o aparecimento dessa espécie chama atenção por ser em águas rasas, com profundidade entre um e seis metros.
Notificações no Ceará
Há 40 notificações e 28 peixes-leão coletados entre as praias de Luís Correia e Cajueiro da Praia, no Piauí, e nas cearenses Bitupitá (Barroquinha), Camocim, Jijoca de Jericoacoara, Preá (Cruz), Acaraú e Itarema. Cerca de 80% dos registros são em currais de pesca e marambaias (estruturas artificiais lançadas ao mar para servir como nicho e atrair peixes). Os especialistas esclarecem que o animal não costuma se estabelecer em terrenos arenosos (areia da praia), preferindo superfícies duras e rochosas.
Recomendações
Por ser um cenário novo e uma espécie ainda rara na costa brasileira, os órgãos envolvidos na investigação do acidente no litoral cearense e os especialistas que estão acompanhando os registros do animal no País recomendam, inicialmente, que pescadores e trabalhadores de áreas notificadas usem equipamentos de proteção individual (EPIs), sobretudo calçados.
Para banhistas nessas áreas, não há motivos para pânico. O peixe-leão não atacou o pescador. O animal foi pisado acidentalmente. Quem encontrar a espécie, deve evitar tocá-la. O ideal é que a pessoa se afaste e faça anotação da hora e do local do aparecimento do bicho, informando à Sema pelo e-mail cientistachefesema@gmail.com.
Em caso de ferimento com os espinhos do peixe-leão, a orientação é manter a área do corpo afetada em água quente por 30 a 90 minutos e, se houver febre, dor muito intensa e vestígio de infecção, buscar uma unidade de saúde para medicação adequada.
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