Moradora da comunidade de Córrego dos Furtados, em Trairi, distante 120 quilômetros de Fortaleza, a rendeira Antonia de Maria Furtado, 40, aprendeu aos oito anos a fazer renda de bilro com a mãe e as irmãs. “Somos uma comunidade de várias mulheres que fazem a renda desde pequenas, passando de mãe para filha, eu aprendi muito cedo e já trabalhava com minha mãe, vendendo, para ajudar no sustento da família”, relata. Atualmente, ela faz parte de um grupo de rendeiras da comunidade que conta com 21 mulheres. “A renda de bilro é uma cultura do nosso lugar, em cada casa que você passar, vai ver uma mulher sentada na renda de bilro trabalhando. Somos famílias de agricultores. É uma fonte de renda para a comunidade”, destaca a artesã.
Com o objetivo de cadastrar as rendeiras de bilro do Trairi, a Secretaria da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos (SPS) realizou uma ação com aproximadamente 80 mulheres de grupos produtivos de oito localidades rurais do município. Após teste de habilidade, elas foram aprovadas para receberem a carteira do Programa de Desenvolvimento Sustentável e Inclusivo do Artesanato do Ceará e do Programa do Artesanato Brasileiro (PAB). A ação fez parte das atividades em alusão ao Dia do Artesão, celebrado em 19 de março, e foi executada pela SPS, por meio da Central de Artesanato do Ceará (CeArt).
A renda de bilro é uma das técnicas artesanais mais presentes no Ceará e o Trairi é uma das regiões do Estado com maior produção, por isso é reconhecida, em lei estadual de 2010, pelo título de ‘terra da renda de bilro no Ceará’. “O Ceará reconhece o artesanato como uma vocação produtiva de geração de trabalho e renda. Por isso é importante que o artesão tenha acesso a todos os benefícios concedidos pelo Governo do Estado”, enfatiza a coordenadora do Artesanato, Patrícia Liebmann.
O cadastro da CeArt ajuda a mapear a tipologia e as técnicas existentes nas regiões do Estado. “Muitas senhoras mais idosas ainda não eram cadastradas como artesãs no município. São rendeiras, mas não tinham cadastro e todas elas detêm o conhecimento da técnica que foi passada de geração em geração”, explica a gerente de produção da CeArt, Ticianne Gomes.
A ação também leva orientação aos grupos de artesãos. “Em uma das famílias, a mãe e as seis filhas sabiam fazer renda, mas as mais jovens não tinham interesse em trabalhar com artesanato por ser um processo demorado. Então, é importante que elas tenham consciência dessa herança cultural como geração sustentável de trabalho e renda”, afirma a gerente.
Os grupos pertencem a oito comunidades rurais de Trairi: Córrego dos Furtados, Ramada, Esperinha, Serrote, Chão Duro, Estiva, Volta do Córrego e Canaan.
A rendeira Orlene Borges, 33, da comunidade de Esperinha, também participou da ação. Ela faz parte de um grupo de 11 mulheres da comunidade que também buscam renda extra para a família por meio dos bilros. “Espero que por meio dos conhecimentos que estamos adquirindo sejamos reconhecidos por nossos talentos e que nossas peças cheguem onde eu nem possa imaginar”, disse.
Identidade Artesanal
Além de terem a legitimidade de seus trabalhos reconhecidos, os artesãos firmam um vínculo com o Estado que garante benefícios como isenção fiscal do ICMS na venda das peças, participação em cursos de aprimoramento e atualização de técnicas pela CeArt.
Somente em 2021, foram 4,9 mil artesãos cadastrados, 14,9% acima do total de 2020, com 2.170 cadastros. De 2015 a 2021, foram 30,5 mil no total. No ano passado, 6,5 mil artesãos foram assessorados ou capacitados pela Central de Artesanato do Ceará, 10,8% acima de 2020. Em janeiro de 2022, 263 artesãos foram cadastrados. Em seis anos, foram 30,7 mil.
Atenciosamente,Assessoria de Comunicação e EventosSecretaria da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos HumanosJornalista responsável: Camille SoaresContatos: (85) 98439.0412 | (85) 3101.2089
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