Hospital Estadual Leonardo da Vinci realizou, neste ano, 96 cirurgias de retirada de tecidos doentes do órgão; João Paulo Rodrigues, de 19 anos, foi um dos beneficiados
João Paulo Rodrigues, de 19 anos, foi diagnosticado com colesteatoma, tipo de tumor benigno que afeta o ouvido médio. Natural de Ibiapina, a cerca de 314 km de Fortaleza, o jovem relata frequentes dores no órgão durante a infância – às vezes, com presença de pus. Em novembro deste ano, o incômodo veio acompanhado de febre e vômito. Foi quando João deu entrada em uma unidade de saúde da região e, posteriormente, transferido para o Hospital Estadual Leonardo Da Vinci (Helv), onde realizou cirurgia.
Débora Lima, coordenadora médica do serviço de Otorrinolaringologia do equipamento da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), diz que a ocorrência chamou a atenção da equipe médica. “Com 19 anos, ele já desenvolveu uma doença grave percebida, muitas vezes, só em idosos”.
No caso de João, além de comprometer a audição, o colesteatoma provocou mastoidite, uma inflamação no osso do ouvido próximo ao cérebro. “Ele ainda tinha uma fístula (comunicação anormal entre órgãos ou vasos sanguíneos) na pele que já estava drenando para a parte externa e um abcesso na parte localizada atrás da orelha”, detalha a médica.
No início deste mês, o jovem realizou uma mastoidectomia, procedimento de remoção do tecido doente. A cirurgia foi uma das 96 realizadas no Helv, entre radicais e sub-radicais.
Prevenção e tratamento
Francisco Iure Sampaio Lira, cirurgião do Helv responsável pela operação do ibiapinense, explica que o colesteatoma pode ser congênito, presente desde o nascimento, ou diagnosticado a partir de uma perfuração no tímpano ou de infecções e inflamações, a chamada otite. “Se o problema não for tratado de forma adequada, pode progredir para complicações mais graves como abscesso na pele ou intracraniano, além de desenvolvimento de meningite, encefalite e paralisia facial”, alerta.
Para Débora Lima, é fundamental observar e tratar precocemente infecções respiratórias para que estas não evoluam para uma otite crônica. “Quando há perfuração no tímpano, por exemplo, significa que não houve uma terapia eficaz para uma otite aguda, levando a um quadro de cronificação. Então, o acesso ao tratamento é algo essencial para evitar complicações”, indica.
Por isso, o recomendado é procurar um especialista. “A maioria dos pacientes cai numa Emergência com um clínico-geral. Nem sempre o tratamento prescrito nessas situações vai resolver o problema. Uma assistência especializada, como a que prestamos no Helv, é a melhor alternativa”, complementa Francisco Iure.
Colesteatomas requerem cirurgia. Segundo o otorrinolaringologista, há sempre a indicação de remover a parte afetada. “Nem toda otite média crônica deve ser operada, mas o colesteatoma é de caso cirúrgico, se o paciente tem condições clínicas e nenhuma doença grave que o impeça”.
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