No frio da serra, agricultores produzem hortaliças em família, vendem e distribuem para cozinhas do Ceará Sem Fome
São 4 horas da madrugada na Serra da Ibiapaba e na CE-197, rodovia que liga os municípios de Tianguá, Ubajara e São Benedito, tudo está envolvo em névoa. No termômetro, marca uma temperatura entre 13 ºC e 16 ºC, tempo atípico para qualquer cearense de outra região, mas ali na serra é apenas mais uma manhã normal. São sob essas condições climáticas que os agricultores da Cooperativa de Produtores Rurais de São Benedito (Coopsb) saem de suas casas para trabalhar. Eles se deslocam até a sede da cooperativa ainda no escuro e começam o processo de organização das hortaliças produzidas, pesando e colocando todas dentro de caixotes. Antes das seis horas da manhã, pegam a estrada em direção aos municípios vizinhos para realizar as entregas do dia. Há dois meses, algumas dessas entregas da Coopsb chegam em cozinhas do Programa Ceará Sem Fome da região.
O diretor-presidente da cooperativa, Samuel Lima, vem de uma família de agricultores e ressalta a importância de parcerias como essa para o fortalecimento da agricultura familiar. “Pra gente é uma alegria enorme estar produzindo alimento, recebendo um preço justo e, além de tudo, sabendo que os nossos produtos estão sendo parte da alimentação de pessoas, de famílias carentes. E o projeto vem abraçando essa causa e que a gente está se fortalecendo também na parte financeira, que é o que nos dá sustentabilidade”, afirma.
Samuel Lima é agricultor e trabalha com sua família na Cooperativa de Produtores Rurais de São Benedito. (Foto: Aline Freires)
Assim como a Coopsb, outras cooperativas e associações de agricultores são apoiadas pelo Ceará Sem Fome, que tem a valorização da agricultura familiar como um dos seus pilares. Dessa forma, o beneficiário, que se alimenta com as quentinhas saudáveis, e os produtores saem ganhando. “Aqui é o nosso pão de cada dia que sai daqui. Depois que a gente entrou nesse projeto, aí da cozinha, melhorou demais. Muito diferente da venda, que a gente entrega, a venda na cidade. Posso dizer que melhorou uns 60% a 70%”, afirma o agricultor Isaías Melo.
Isaías Melo é agricultor parceiro do Ceará Sem Fome. (Foto: Aline Freires)
Atualmente, o ranking de produção de produção abrange uma variedade de verduras e legumes, como cheiro verde, feijão de corda, batata doce e jerimum. Tudo é produzido e colhido pelos produtores que, em família, fazem sua produção circular pela região. Até agosto de 2024, o programa já tinha adquirido 678.572 quilos de alimentos para o uso nas cozinhas. Os cinco principais produtos adquiridos foram cheiro verde (96.956 kg), jerimum (68.158 kg), feijão de corda (60.764 kg), batata doce (59.585 kg) e cenoura (48.078 kg). Já foram R$ 4,9 milhões investidos em 105 municípios.
Ceará Sem Fome
O Ceará Sem Fome do Governo do Ceará foi instituído pela Lei nº 18.312, de 17 de fevereiro de 2023 e tem como intuito criar, desenvolver e realizar ações e políticas públicas no intuito de alimentar de forma saudável a população mais vulnerável do estado. O programa possui três frentes emergenciais: o cartão no valor de R$ 300, que atende mais 53 mil famílias; as mais de 1.300 cozinhas, com mais de 125 mil refeições diárias; e as campanhas que já arrecadaram mais de 170 toneladas de alimentos em grandes eventos.
Mais do que o alimento, o Ceará Sem Fome agora também atua no eixo +Qualificação e Renda para que o(a)s beneficiário(a)s tenham chance de um emprego formal ou de alcançar sua autonomia financeira por meio do empreendedorismo.
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