A eletroestimulação é indicada devido às vantagens na facilitação neuromuscular
A falta de mobilidade da maior parte dos pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), causa perda muscular. Além de fraqueza e menor na capacidade de movimentação, essa redução das fibras musculares contribui para problemas metabólicos, como resistência à insulina. Isso não apenas impacta a saúde geral, mas também aumenta o risco de quedas e lesões, especialmente em idosos. Nesse cenário, existe uma técnica de treino de força que utiliza impulsos elétricos para estimular os músculos: a eletroestimulação. Esse mecanismo de intervenção fisioterápica é uma das opções utilizadas no Hospital Regional Vale do Jaguaribe (HRVJ), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) e gerida pelo Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH) em Limoeiro do Norte.
De acordo com a fisioterapeuta do HRVJ, Arianna Oliveira, as estatísticas demonstram que há uma perda de cerca de 11% de massa muscular na primeira semana de internação na UTI. Ela destaca que pacientes que apresentam imobilidade, seja por sedação ou fraqueza muscular, podem ser beneficiados com a técnica. “Houve um caso, por exemplo, de desmame ventilatório [retirada gradual da ventilação mecânica], em que já havia falhado o desmame simples, que é a retirada da ventilação por 48 horas. Foi implementada a eletroestimulação no músculo da coxa, onde é mais indicado pelos estudos. Após isso, a paciente evoluiu com melhora da funcionalidade e movimentação dos membros com posterior extubação [remoção do tubo]”, ressalta.
A elestroestimulação é um recurso utilizado para ativação muscular. Um microprocessador realiza estímulos elétricos de forma controlada e sinérgica no músculo com intuito de promover a contração muscular e produzir o movimento funcional. Inicialmente utilizada na reabilitação traumatológica e neurológica ambulatorial, foram observados benefícios também em pacientes internados e que precisam de mobilização de forma mais ativa.
Indicação da terapêutica
A fisioterapeuta explica ainda que nem todos os pacientes podem se beneficiar com a técnica. “Existem critérios de contraindicação para o uso da terapia, tais como pessoas com batimento descompensado do coração; uso de marca-passo; grávidas; com pressão arterial anormal; com dores de difícil controle; e em quadro infeccioso. Os demais públicos possuem indicações, principalmente esses que estão em desmame difícil da ventilação mecânica”, destaca.
Para pessoas contraindicadas para a eletroestimulação, existem outras alternativas que podem ajudar a evitar a perda muscular e melhorar a mobilidade. Dentre elas, estão os exercícios passivos, com movimentos que podem ser realizados por um fisioterapeuta ou cuidador, ajudando a manter a amplitude de movimento sem esforço ativo do paciente; bem como a Mobilização Ativa Assistida, quando o paciente consegue realizar alguns movimentos com ajuda, estimulando a musculatura.
Outras formas ainda são por meio da fisioterapia manual, com técnicas que podem ajudar na mobilização dos tecidos e na manutenção da função muscular, entre outras técnicas. Além das técnicas fisioterápicas, nutrição adequada e terapia ocupacional com o envolvimento em atividades diárias que estimulem o uso de músculos auxiliam na manutenção da força e menor perda muscular.