Conscientizar sobre a importância da doação de órgãos é algo muito importante e que salva vidas o ano inteiro. Nas unidades hospitalares, um dos grupos que fomenta e acompanha esse processo entre pacientes e colaboradores é a Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (Cihdott). Até chegar à doação, é feito um percurso que une segurança e humanização com as partes envolvidas.
O trabalho da comissão também envolve a disseminação da importância de se tornar doador. Todos os anos a equipe participa de cursos ofertados pelo Sistema Estadual de Transplantes (Cetra) da Sesa, capacitando os médicos, enfermeiros e demais integrantes.
Regionalização
No interior do Ceará, os hospitais Regional Norte (HRN), do Sertão Central (HRSC) e Vale do Jaguaribe (HRVJ), unidades da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) e geridas pelo Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH), contam com a comissão. Em Limoeiro do Norte, a Cihdott é formada por médicos, enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais capacitados para conduzi-la de forma ética, de modo a fornecer informações acerca da morte encefálica e o processo de doação, assegurando que houve a compreensão adequada, de modo a garantir o consentimento voluntário da doação.
É essencial que os familiares mais próximos do paciente sejam acolhidos durante a internação do paciente e informados adequadamente de seu quadro clínico, a fim de facilitar a comunicação de morte encefálica e entrevista para doação de órgãos. A diretora administrativa do HRVJ, Sabrina Becker, lembra da importância desse ato de solidariedade e empatia da família do doador para com o próximo.
“É uma ação de extremo amor. Em um momento de dor, a oportunidade de outras pessoas viverem é oferecida. É muito gratificante que o serviço de saúde de alta complexidade fornecido pelo HRVJ possa proporcionar atos grandiosos como esse, de tanta relevância para a população”, ressalta Sabrina.
Atuação da psicologia e do serviço social
É de suma importância, ainda, que se avalie questões emocionais e psíquicas dos familiares envolvidos que interfiram no entendimento da morte encefálica e na decisão pela doação de órgãos. Essencial ainda que sejam considerados valores, crenças, vínculos familiares, a fim de que a decisão pela doação seja, de fato, um ato altruísta e solidário.
Logo, a presença do profissional de psicologia é muito importante nesse momento. “A psicologia hospitalar se constrói como ponte entre a tríade paciente-família-equipe, sendo, muitas vezes, quem facilita o processo de comunicação entre estas partes, de modo a tornar a comunicação mais facilitada e, por sua vez, colaborar positivamente para a decisão pela doação de órgãos”, destaca a psicóloga hospitalar, Nara Silveira.
O serviço social hospitalar também tem um papel fundamental no contato com a família, desde a entrada do paciente na unidade. “Na admissão social é conhecida a realidade dele e de seus familiares, em que é criado um vínculo com a família, importante, posteriormente, para a fase de contato, comunicado e entrevista, trâmites esses necessários para o processo de doação de órgãos”, explica o coordenador do serviço social e integrante da Cihdott, Felipe Freitas.