Vacina protege contra a infecção pelo HPV e previne câncer de colo do útero, vagina, vulva, pênis, ânus e garganta
A vacina contra o vírus do HPV que, na última quarta-feira (3), foi ampliada pelo Ministério da Saúde para usuários da profilaxia pré-exposição, mais conhecida como PrEP, um dos métodos de prevenção contra a infecção pelo HIV, já está disponível nas salas de vacinação e nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (Cries), em todo o Ceará, como destaca a coordenadora de imunização da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), Ana Karine Borges. A medida é direcionada para indivíduos com idade entre 15 e 45 anos.
“Precisamos aproveitar a oportunidade vacinando aqueles que têm maior risco para o adoecimento. As três salas de Vapt Vupt que têm salas de vacina contam também com a disponibilidade dessa vacina, lembrando que a vacinação dentro dos Vapt Vupt acontecem por meio de agendamento”, informa Ana Karine.
Segundo nota técnica publicada pelo Ministério da Saúde, o grupo deve receber a vacina quadrivalente, que protege contra os tipos 6, 11, 16 e 18 do vírus, no esquema de três doses.
Márcio [nome fictício], 35 anos, faz uso da PrEP há dois anos e tomou a primeira dose da vacina contra HPV um dia após o anúncio de ampliação do imunizante para usuários da PrEP. “Considero de enorme importância, pois a vacina previne contra o câncer e as doenças provenientes do vírus HPV. Um alívio na vida de quem se vacinou e pra sociedade em geral”, compartilha.
Disponibilizada gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) desde 2014, o imunizante faz parte do Calendário Nacional de Vacinação e protege não só contra a infecção sexualmente transmissível (IST) causada pelo vírus do HPV, como também previne o desenvolvimento de até seis tipos diferentes de câncer: colo do útero, vulva, vagina, pênis, ânus e garganta.
“A ampliação da possibilidade de vacinação é uma forma de reduzir ainda mais a infecção pelo HPV e também a transmissão, impedindo que as pessoas que utilizam a PrEP — e, teoricamente, estão mais expostas sexualmente — contraiam formas do HPV mais oncogênicas (que podem levar ao câncer), já que houve um grande aumento de câncer de pênis e de colo do útero associado ao HPV”, avalia Glaura Fernandes, infectologista do Hospital São José (HSJ), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) referência no tratamento de doenças infecciosas.
Para receber o imunizante, usuários da PrEP devem comparecer à sala de vacinação e apresentar comprovação de que fazem uso do medicamento
A vacina é indicada para usuários de PrEP que ainda não foram vacinados contra o HPV ou que já foram imunizados, mas estão com esquema incompleto; nesse caso, eles devem completar as três doses. Para receber o imunizante, basta procurar uma sala de vacinação da rede pública e apresentar comprovação de que faz uso da PrEP, como formulário de prescrição da vacina ou da PrEP, cartão de seguimento ou até mesmo o próprio medicamento.
De acordo com o Ministério da Saúde, o vírus do HPV possui mais de 200 tipos diferentes; destes, pelo menos 12 têm alto risco de evoluir para câncer. Os tipos 16 e 18, por exemplo, estão presentes em 70% dos casos de câncer do colo do útero. Segundo Fernandes, mesmo quem já foi infectado pelo HPV ainda se beneficia com a aplicação da vacina. “Já foi observado que há mais benefícios em aplicar a vacina para evitar contrair outros tipos do que em investigar se a pessoa tem ou não aquele tipo específico da vacina”, explica a médica.
Além dos usuários de PrEP, a vacina também está disponível pelo SUS para crianças e adolescentes de 9 a 14 anos de idade, no esquema de dose única; e pessoas vivendo com HIV/Aids, transplantados de órgãos sólidos e medula e pacientes oncológicos na faixa etária de 9 a 45 anos, no esquema de três doses. O imunizante é indicado ainda para vítimas de abuso sexual, em três doses, com idade entre 15 e 45 anos, ou em duas doses, se estiver entre 9 e 14 anos.
HPV
O HPV (sigla em inglês para papilomavírus humano) é capaz de infectar pele e mucosas, como boca, genitais e ânus. A infecção é, em geral, assintomática, uma vez que, no início da doença, as verrugas características do HPV não são visíveis a olho nu. “Na mulher, é ainda mais complicado, pois ela pode ter verrugas de HPV dentro do canal vaginal, que só podem ser vistas no exame ginecológico. Os sintomas só aparecem quando a infecção estiver em estágio avançado”, alerta a infectologista Glaura Fernandes.
A transmissão acontece principalmente por contato sexual ou, ainda, durante o parto. As principais medidas de prevenção contra o vírus incluem o uso do preservativo nas relações sexuais, a realização de exames preventivos, como o papanicolau, e a vacinação contra o HPV.
PrEP
A PrEP utiliza medicamentos antirretrovirais e é recomendada antes da exposição ao HIV, reduzindo a probabilidade de a pessoa se infectar. O antirretroviral deve ser usado sob a orientação médica para que o paciente seja devidamente acompanhado e realize exames regulares.
É indicada, por exemplo, para casais sorodiferentes e impede que, num relacionamento estável, o parceiro ou a parceira da pessoa com HIV contraia o vírus durante a relação sexual. Também podem tomar o medicamento todos aqueles que apresentam risco elevado de exposição ao vírus, como pessoas que fazem uso repetido de PEP (profilaxia pós-exposição ao HIV), profissionais do sexo ou indivíduos com histórico de ISTs. A PrEP está disponível no SUS desde 2018.