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Se detectado em estágio inicial e com adesão do paciente ao tratamento, as chances de cura do câncer de intestino são elevadas
Também conhecido como câncer de cólon e reto ou colorretal (CCR), o câncer de intestino é um dos tumores malignos de maior incidência entre homens e mulheres em todo o Brasil. Segundo a última estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca), em 2022, foram registrados mais de 45 mil novos casos da doença no País.
Para Adriana Pires, chefe do serviço de Oncologia do Hospital Geral de Fortaleza (HGF), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) referência no tratamento da patologia, a tendência é de crescimento na incidência dos casos.
“O câncer de intestino é um dos mais comuns. Geralmente, fica atrás apenas do câncer de próstata (nos homens) e do de mama (nas mulheres)”, afirma. “Nós observamos um aumento nos últimos anos devido a diversos fatores, como alimentação inadequada e sedentarismo”, explica a médica.
De acordo com a especialista, em torno de 90% dos casos de câncer de intestino são esporádicos, ou seja, associados a fatores ambientais, que vão desde obesidade a alimentação rica em ultraprocessados, carne vermelha e defumados. “São alimentos com muitas substâncias tóxicas e baixo índice de fibras que protegem o intestino”, pontua.
Prevenção é o melhor remédio
Além da reeducação alimentar, o exame da colonoscopia é um dos principais aliados na prevenção à doença. O procedimento é recomendado para pessoas com mais de 40 anos ou sob investigação médica. “É um exame invasivo no qual conseguimos observar lesões pré-neoplásicas, que chamamos de pólipos adenomatosos. Caso sejam identificados e retirados, é alta a possibilidade de evitar a doença. Se não for observado nenhum pólipo, só é preciso repetir o exame em dez anos”, ressalta Pires.
Para ter acesso ao exame de colonoscopia, é preciso encaminhamento do posto de saúde para atendimento em unidades secundárias e terciárias da Rede Sesa.
Se detectado em estágio inicial e com adesão do paciente ao tratamento, as chances de cura do câncer de intestino são elevadas, podendo chegar a quase 90% dos casos. O tratamento é prioritariamente cirúrgico, explica a especialista. “Quanto mais precocemente é retirado [o tumor], menor o risco da metástase”, enfatiza.
Quando suspeitar da doença
O problema é que, na maior parte dos pacientes, não há sintomas nas fases iniciais da doença. “Quando os primeiros sinais aparecem, geralmente é porque já existe uma doença evoluída”, afirma. “A lesão vai crescendo dentro do intestino e pode predispor sangramentos nas fezes, que muitas pessoas podem confundir com hemorroida. Outro sintoma é a perda de peso, porque o câncer produz substâncias inflamatórias que levam à falta de apetite”, destaca.
Outra orientação da especialista é observar o “relógio intestinal”, que funciona de forma diferente em cada indivíduo. “É comum evacuar de três vezes ao dia até uma vez a cada três dias. Isso depende muito da pessoa. O que não é normal é a mudança frequente desses padrões”, explica. Nesses casos, é preciso buscar atendimento médico para investigação.
Para Narciso Moreno, de 54 anos, os primeiros sinais do câncer no intestino grosso se manifestaram como “pontadas na barriga”. Em 2010, o então zelador passou a sentir cólicas no caminho de volta para casa. “Tomava remédio, melhorava um pouco, mas sempre voltava no dia seguinte. A mesma dor com uma sensação de suor frio”, relata. Após diversos exames em posto de saúde na Capital, Narciso foi encaminhado para colonoscopia no HGF.
Acompanhado pelo HGF, Narciso venceu a batalha contra o câncer após 12 anos de tratamento
“Quando saiu o resultado, fiquei no chão. Era um tumor do tamanho de uma laranja”, conta. No hospital, Narciso passou por procedimento cirúrgico e seis meses de quimioterapia. Apesar de o tumor ter sido retirado, a jornada ainda não se havia encerrado. Dois anos depois, foi descoberto um outro tumor; desta vez, no pulmão. Narciso se emociona ao falar de mais duas cirurgias que precisou realizar no Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes, também da Rede Sesa. Além dos procedimentos, foram mais de dois anos em quimioterapia e medicações. “Eram remédios tão fortes que perdi até as unhas do pé”, acrescenta.
Em 2022, veio a tão esperada notícia. No ambulatório de Oncologia do HGF, já aposentado, Narciso descobriu a remissão de todos os tumores. “A dra. Adriana chegou e disse: ‘você venceu a batalha’. Foi um alívio. Comecei logo a chorar e sempre choro quando lembro”, compartilha. “Só tenho a agradecer a Deus e a toda a ajuda que tive dos profissionais do HGF durante todos esses anos”, completa.