Em homenagem à data, a SSPDS apresenta um breve histórico sobre o RPMont e parabeniza os bravos homens e mulheres que fazem parte deste regimento especial da PMCE
Uma instituição centenária perpetuada pelo legado de sua tropa e por um elo milenar, entre homens e cavalos, sempre no propósito de servir a população. A Cavalaria da Polícia Militar do Ceará (PMCE), denominada de Regimento de Polícia Montada Coronel Moura Brasil (RPMont), comemora o seu 185º aniversário neste sábado (16). A unidade especializada de patrulhamento se perpetua demonstrando, no dia a dia, a própria relevância do policiamento a cavalo em praias, balneários, regiões próximas a mangues, praças, centros comerciais e grandes eventos.
“A Cavalaria é a unidade mais antiga da PMCE. Ela é símbolo de um espírito de coragem, superação e camaradagem. Normalmente, é reconhecida pela sua força, mas também possui uma mão acolhedora, que alcança a população e suas necessidades. O nosso entendimento é que a figura do cavalo traz paz, segurança e esperança, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida”, descreve o comandante do RPMont, tenente-coronel Kildare Nascimento.
Criada em 1838 e iniciando com apenas 20 homens e oito animais, a Cavalaria da PMCE passou por diversas nomenclaturas, como: Seção de Cavalaria, em 1838; Piquete de Cavalaria, em 1891; e Esquadrão de Polícia Montada, em 1915. Somente em 2012, com a mudança na Lei de Organização Básica, o destacamento da Polícia Militar foi elevado à condição de Regimento de Polícia Montada e passou a contar com o nome do próprio patrono, o coronel Moura Brasil. Hoje, a Cavalaria conta com dois esquadrões compostos por três pelotões cada.
São 147 cavalos, sendo 46 aptos para o policiamento, além de 157 policiais militares, sendo 140 homens e 17 mulheres, lotados nas mais diversas funções disponíveis na unidade, como policiamento montado e motorizado, setor administrativo, correaria, enfermaria, ferradoria, dentre outras. Todos os profissionais de segurança no local estão aptos para encarregar-se de quaisquer cuidados com os cavalos, quando se fizer necessário. Além disso, esse cuidado é complementado pela atuação de profissionais veterinários.
Policiamento ostensivo
Embora a relação a domesticação do cavalo tenha ocorrido há muitos milênios, ainda não existe um modelo de policiamento à altura do policiamento montado em muitos aspectos. Para a comandante do 1º Esquadrão, a capitã Nara Chagas, esse modelo de patrulhamento permite uma velocidade ideal de patrulhamento, sem perder uma melhor percepção do ambiente. “Você consegue fazer isso numa viatura, em velocidade ideal? Consegue. Mas na viatura você está fechado”, pondera.
“Além disso, em comparação ao motopatrulhamento, o porte físico do cavalo permite uma maior ostensividade e uma plataforma elevada superior. Então, em grandes eventos, a gente tem um campo de visão maior, e ainda por cima móvel. Sabe aquelas plataformas para os policiais ficarem em cima? A gente tem a mesma coisa, só que o cavalo é móvel e ainda possui uma grande habilidade em se locomover, mesmo em ambientes que não sejam pavimentadas”, explica a capitã.
“Tem desvantagens, com certeza. A aplicação do policiamento montado ela é própria do seu objetivo. Em um local que você quer fazer várias apreensões de armas e que não ser tão ostensivo ajudaria? Um cavalo já não seria ideal, porque o próprio barulho do casco delata muito rápido que existe um policiamento ali. O horário de atuação, também. Eventualmente atuamos pela madrugada, mas no policiamento ordinário a gente não atua porque mexe com a rotina do animal”, conclui.
A doma racional
Embora uma parte dos cavalos do Regimento seja adquirido por meio de processos licitatórios, a maior parte teve origem através da “remonta”, que é a procriação realizada mediante acompanhamento médico veterinário no próprio Regimento. A etapa seguinte para que os animais estejam preparados para o policiamento é a “doma”. Diferente do método tradicional, com o uso de força e violência, os cavalos do RPMont priorizam a técnica e o ganho de confiança entre o homem e o animal.
O processo se inicia quando o potro tem cerca de seis meses, quando são apartados das mães e passam a receber reforço alimentar e suplementação. Por volta dos dois anos de idade, inicia-se o processo de doma propriamente dito, quando esses animais são submetidos às atividades específicas, que vão desde adaptação ao material e embocaduras, passando pelo treinamento com técnicas de adestramento, até oficinas de inquietação sonora e visual para se adaptarem às situações que enfrentarão nas ruas durante o policiamento.
Quando o animal atinge por volta de quatro anos de idade e o processo de doma é finalizado, ele é disponibilizado a um policial militar, que o monta no próprio Regimento para se habituar em um primeiro momento. Isso porque cada equino possui as suas especificidades e seu temperamento. Depois disso, ele passa, gradualmente, a empregar o animal nas atividades de policiamento.
É nessa etapa que começa o vínculo entre equino e cavalariano, e como se diz no linguajar dos policiais que atuam no RPMont, é o momento que “formou o conjunto”. A partir disso, o animal ficará sob os cuidados do profissional de segurança, que terá o contato diário com ele, sempre atento a qualquer problema que venha a acometê-lo.
Projetos sociais
Iniciado em 1995, O Centro de Equoterapia da Polícia Militar do Ceará, é o nome de um dos projetos desenvolvidos pelo Regimento, contando com uma equipe de profissionais composta por fisioterapeuta, psicólogo, assistente social e pedagogo, além dos policiais militares que realizam a função de auxiliares das sessões equoterápicas. O método terapêutico se utiliza do cavalo no campo biopsicossocial e promove uma abordagem multidisciplinar nas áreas da saúde, educação e equitação para atender pessoas com necessidades especiais, inclusive, profissionais de segurança que necessitem dos benefícios promovidos pela terapia com os equinos.
A equoterapia auxilia no desenvolvimento do equilíbrio e da postura, melhorando a coordenação de movimentos entre tronco, membros e visão, além de estimular a sensibilidade tátil, visual, auditiva e olfativa dos seus praticantes.
Outro projeto social desenvolvido pela Cavalaria é denominado “Cavaleiros do Futuro”, que funciona em parceria com a Prefeitura Municipal de Fortaleza. Em atividade desde 2006, o projeto prioriza atender crianças e adolescentes devidamente matriculados em colégios da rede pública e tem como objetivo fornecer uma oportunidade de futuro melhor para jovens de 10 a 17 anos que residem em áreas de vulnerabilidade social.
Nesse projeto, os alunos têm instruções de equitação, aulas de música e, também, oferecem aos beneficiários noções de cidadania, ordem unida militar, higiene pessoal, entre outros.
Memorabilia
Um recanto repleto de fotografias, uniformes, troféus, ferramentas e objetos antigos que remontam as origens da Forças de Segurança do Estado do Ceará. Na última quarta-feira (13), foi inaugurada a Sala de Memória do Regimento de Polícia Montada coronel Moura Brasil (RPMont) da Polícia Militar do Ceará (PMCE). A cerimônia de inauguração, que contou com a participação do coronel comandante-geral da PMCE, Klênio Savyo, marcou as comemorações dos 185 anos do RPMont.
Uma das peças de destaque do museu é o sabre que pertenceu ao fundador da Cavalaria da PMCE. A espada, gentilmente cedida pela família do coronel Moura Brasil, foi tombada e passa a integrar o acervo do Regimento. O objeto histórico, tradicionalmente apresentado no Desfile de 7 de Setembro pelo comandante do RPMont, também passa a figurar nas cerimônias de transmissão do cargo de comandante da Cavalaria.
“Mais do que o simples uso de botas e esporas, ser cavalariano é espírito, é moral, é viver algo complexo, inexplicável e inextricável”, descreve o comandante do RPMont, tenente-coronel Kildare Nascimento. “Por isso, o RPMont Coronel Moura Brasil rende a cada um dos seus membros os mais sinceros agradecimentos, por cada contribuição realizada ao longo destes anos de serviço, suor e dedicação. Sempre haverá uma Cavalaria”, saudou todos os seus membros o coronel comandante do RPMont, o tenente-coronel Kildare Nascimento.
Serviço
Para mais informações sobre os projetos sociais desenvolvidos pelo RPMont, o espaço fica na sede da Cavalaria da Polícia Militar, situada na Avenida Washington Soares, 7250, Cambeba. O telefone para contato é (85) 3101-3581.
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