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Alimentos que seriam desperdiçados combatem a fome de cerca de 30 mil cearenses

“Foram muitas etapas para que o Mais Nutrição se tornasse o que é hoje. Dentro deste processo teve a construção das fábricas, a seleção da equipe que iria atuar no programa, incluindo manipuladores de alimentos, nutricionista, administradora, carregadores e motorista”, lembra a titular da Secretaria de Proteção Social (SPS) e idealizadora do programa Mais Nutrição, Onélia Santana. “Quatro anos atrás tudo que estávamos fazendo era muito novo e todo o processo nos desafiou muito, sobretudo, quando chegou a pandemia e nossos esforços tiveram que ser redobrados. Mas os resultados nos apontam que tudo valeu a pena. Hoje somos referência para estados do Sul e do Nordeste. Fizemos uma parceria recente com os estados da Paraíba e de Alagoas, que vão replicar a experiência do Mais Nutrição em seus territórios para combater a fome e enfrentar a insegurança alimentar e nutricional”, comemora Onélia Santana.

Há quatro anos, o Mais Nutrição transforma o que seria desperdício em comida de qualidade na mesa de milhares de cearenses. A iniciativa, que visa combater a fome, o desperdício de alimentos e garantir alimentação saudável às pessoas em situação de extrema vulnerabilidade social, já levou mais de três milhões de quilos de alimentos para a mesa dos cearenses. Vinculado à Secretaria de Proteção Social (SPS), por meio do Programa Mais Infância Ceará, o Mais Nutrição vem impactando diretamente a vida de cerca de 30 mil pessoas através das 134 entidades que recebem doações do programa.

O programa surgiu da vontade de transformar as toneladas de alimentos que eram, diariamente, desperdiçados nas Centrais de Abastecimento do Ceará S/A (Ceasa-CE) em alimentos nutritivos para crianças e adolescentes atendidos por entidades beneficentes de Fortaleza, Maracanaú e Caucaia. “Começamos com a Fábrica que fica na Ceasa de Maracanaú e que beneficia 100 entidades, e dois anos depois, abrimos outra fábrica na Ceasa de Barbalha, onde beneficiamos outras 34 entidades de Crato, Juazeiro e Barbalha. Ambas funcionam em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA)”, destaca Onélia Santana.

Como o Programa funciona

A iniciativa, mantém um banco de alimentos “in natura” – frutas e legumes – que seriam desperdiçados pelos comerciantes da Ceasa, por falta de demanda ou condições estéticas, mas que permanecem adequados ao consumo humano e contém suas características nutricionais preservadas. Além disso, também produz polpas de frutas e o mix de legumes desidratados para a transformação em sopa. Dentre os legumes, estão mandioca, cenoura, batata, abóbora e beterraba. A fabricação conta com a doação mensal de 600kg de macarrão do Grupo M. Dias Branco. O mix tem ampla capacidade de atendimento, por ser de fácil e rápido preparo (um quilo de sopa prepara 40 porções) e de prazo de um ano de validade para consumo.

Débora de Melo é nutricionista do programa e ressalta que tudo começa nas Ceasas de Maracanaú e do Cariri. “Começamos o dia bem cedo, recolhemos os alimentos doados pelos 206 permissionários das duas fábricas, e então, a gente seleciona o que poderá ser utilizado. É importante dizer que fazemos uma seleção criteriosa, higienizamos tudo direitinho e depois separamos o que vai ser doado in natura e o que vai se transformar em sopas desidratadas ou em polpas de frutas”, frisa a nutricionista do Mais Nutrição. Todo alimento que não é possível de ser aproveitado na Fábrica do programa vai para o Ibama e para criadores de animais do entorno da Ceasa.

Por dia, em média, são recolhidos de duas a quatro toneladas de alimentos na Ceasa de Maracanaú, e são doados também, por dia, 2.500 quilos de alimentos. No Cariri, são recolhidos, em média, 700 quilos de alimentos por dia, e são doados, uma média, de 600 quilos de alimentos por dia. As instituições recebem as doações duas vezes por mês.

A coordenadora de Segurança Alimentar e Nutricional da SPS, Regina Praciano, comemora e recorda a trajetória do Programa Mais Nutrição nestes quatro anos. Ela destaca como diferencial do Estado a experiência inovadora de ter, junto ao banco de alimentos, uma fábrica de mix de legumes e de polpa de frutas. “Nós ousamos muito com o Mais Nutrição, porque ao prepararmos alimentos com um prazo maior de validade alcançamos pessoas que estão em locais mais distantes, como outros municípios, e conseguimos também levar para esse público alimentos que podem ser consumidos em períodos mais longos. Isto por si só já é inovador dentro de todo esse processo de reaproveitamento de alimentos”, reitera a coordenadora.

Para ser beneficiado pela iniciativa, as entidades se inscrevem a partir de editais abertos pela SPS. Já depois de serem selecionadas continuam recebendo orientação da Coordenadoria de Segurança Alimentar e Nutricional da SPS. Além dos alimentos doados, o Mais Nutrição já distribuiu mais de 68 mil cestas básicas em 118 municípios, alimentando centenas de cearenses em situação de vulnerabilidade social entre os anos de 2020 e 2021, quando ocorreu a pandemia da Covid. Cada cesta básica beneficia uma família de até cinco pessoas e possui mantimentos básicos, como arroz, feijão, macarrão, açúcar, leite em pó, farinha de mandioca, óleo, entre outros.

Regina pontua ainda que as entidades, selecionadas por edital, passaram, após a inserção do programa, a serem inseridas em outras políticas de segurança alimentar, como o Vale-Gás Social. “Outra coisa que observamos é que a organização das entidades mudou a partir do Mais Nutrição. Hoje eles acessam outros benefícios sociais, a exemplo do Vale Gás, porque aprenderam com o Mais Nutrição que era preciso se organizar e ter toda a documentação necessária em dia para acessar esses benefícios, então colaboramos também para criar essa cultura de organização e cuidado com as documentações e os trâmites mais formais”, frisa a coordenadora.

“Três vezes por ano, nós entregamos dois tíquetes que equivalem a duas recargas de botijão de gás para cada uma das entidades cadastradas. Nos meses de março, julho e novembro fazemos essas entregas e sabemos que estão surtindo um efeito muito positivo, pois o que eles gastariam com gás, utilizam para investir nos projetos de artes , cultura e lazer”, reforça Regina.


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Escrito por tvprincesavalenews

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