Apresentação do grupo Conexão Musical ocorreu no auditório do HSM e reuniu diversos profissionais
Os pacientes do Núcleo de Esquizofrenia (Nuesq), do Ambulatório da Residência Médica do Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto (HSM), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), realizaram, pela primeira vez, uma apresentação artística. O evento aconteceu no auditório da instituição e reuniu diversos profissionais.
O grupo Conexão Musical tem sido coordenado pelo psicólogo João Henrique Cordeiro, que também é musicoterapeuta. “Eu observava pacientes com sintomas muito negativos, com dificuldades de comunicação, ansiedade social e que foram se soltando e evoluindo com a musicoterapia, com os ensaios e com a oportunidade de tocar um instrumento, cantar, formar a banda”, avalia Cordeiro.
Com o envolvimento musical, o compromisso de ensaiar e desenvolver essa habilidade, os participantes vêm evoluindo no tratamento. “Quando eles possuem uma atividade convidativa que os faz interagir, a tendência é que se sintam parte de algo e isso movimenta todo o grupo. Quando estão ociosos, sem participar, sem interagir, a tendência é que fiquem mais parados e isso abre porta para o sofrimento e a depressão”, pontua o psicólogo.
O psicólogo João Henrique Cordeiro explica que essa foi a primeira apresentação do grupo, mas a ideia é de que a partir do próximo ano, eles se apresentem em outros locais
A proposta do Nuesq é justamente promover o movimento, o comprometimento, a sociabilização, a construção de pontes para que, fora do hospital, no futuro, eles tenham vínculos com os amigos e com tudo o que vai se formando por meio da música.
Cordeiro explica que essa foi a primeira apresentação do grupo, mas a ideia é de que a partir do próximo ano, eles se apresentem em outros locais. “Queremos levar a energia deles, que é muito contagiante, para outras pessoas. Mesmo diante das dificuldades que a doença causa, com as reações dos medicamentos, os pacientes estão demonstrando o quanto estão focados para levar adiante esse projeto, inspirando outros jovens que também gostam de música”, afirma.
Grieg Menezes de Paula, 34, é formado em Jornalismo e trabalha como designer. Um dos vocalistas da banda, além de tocar violão e baixo, o músico conta que desenvolveu essa habilidade na adolescência e, atualmente, está tendo a oportunidade de praticar mais com o incentivo dos profissionais do HSM. “Tenho um cognitivo muito preservado, apesar de ter esquizofrenia, e a música é uma atividade que me desafia. Essa proposta do ambulatório me faz bem e me ajuda realmente. E não é só tocar, a música faz com que o grupo converse mais, seja mais unido, reforça as amizades, cria laços e isso faz muito bem para todos nós”, declara.
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