O segundo “Domingo na Estação” contou com oficinas e feira agroecológica, rememorando o gosto de viajar de trem e fazendo um convite ao público para conhecer os conceitos do novo Mercado Gastronômico. Fotos: Felipe Abud
Sair da centenária estação ferroviária João Felipe sempre teve gosto. Quem chega agora no Complexo Cultural Estação das Artes geralmente tem uma memória cheia de sabor para compartilhar: da bruaca com café e da pipoca salgadinha em pleno vagão a um peixinho frito no intervalo de uma viagem sobre os trilhos. O mais recente “Domingo da Estação”, no dia 10 de abril, foi uma celebração a estas lembranças e também um convite para construir novas histórias que mostram o que é o nosso Ceará de comer. A programação foi realizada pelo Mercado Gastronômico, que compõe o complexo e integra a Rede Pública de Equipamentos Culturais da Secult Ceará, com gestão em parceria com o Instituto Mirante de Cultura e Arte.
Logo no início da manhã, a Estação ganhou novas cores e sabores com as tendas da Feira Agroecológica e Solidária de Fortaleza, realizada pelo Cetra. Centenas de pessoas passaram por lá no domingo e puderam conversar com os feirantes e conhecer um pouco mais sobre toda a trajetória do alimento, do campo à mesa. “A feira não é só um lugar de vender coisas, é um lugar de trocar experiências, afetos e conhecimento entre as pessoas”, diz uma das fundadoras do Cetra, Margarida Pinheiro.
Quem passou por lá também pôde experimentar pratos da gastronomia e da cultura alimentar cearense, além de conhecer novos produtos como o ketchup de acerola e a cocalga, uma cocada produzida com algas. “É um prazer muito grande esta feira ter se estendido e chegar a este espaço cultural. Ela tem um caminho: começou na comunidade, com o povo vendendo de casa em casa”, acrescenta Margarida, que também lembrou dos tempos em que pegou o trem azul na Estação com seus filhos ainda crianças para viajar pelo interior.
“Andei muito na Maria Fumaça aqui. Parava em tudo quanto era estação, comia meu peixinho frito, meu milho cozido, a tapioca com cafezinho. Corria dentro do trem. Era maravilhoso”, rememora também a chef e pesquisadora Nilza Mendonça, do Senac. Ela voltou à Estação no último domingo para falar de outros sabores, o das Plantas Alimentícias Não Convencionais – PANCs. Sabe aquelas plantinhas que dão no quintal de casa e muita gente não sabe que pode usá-las em receitas deliciosas? A chef falou sobre elas em um bate-papo com o paisagista Bruno Ary, que incluiu PANCs como a carnaúba e a palma forrageira no projeto paisagístico do complexo cultural.
“Começamos a dar o sentido que terá o Mercado Gastronômico, que é o contato com o comer, a história e a cultura”, explica o diretor João Lima, que apresentou o que será o novo equipamento de gastronomia e cultura alimentar do complexo na oficina “Por dentro do Mercado Gastronômico”. “Todas as atividades que vão acontecer ao longo do ano estão ligadas a uma salvaguarda cultural, à expressividade dessa cultura alimentar e ao pertencimento do cearense com aquilo que ele come”, afirma o diretor.
Sobre o Complexo Cultural Estação das Artes
O espaço abre ao público aos domingos com uma programação cultural gratuita, realizada das 9h às 12h. O projeto Domingo na Estação tem a proposta de apresentar o complexo cultural em uma construção coletiva desses espaços com o público cearense, além de oferecer atividades de lazer.
Com 67 mil m², o Complexo Cultural Estação das Artes implantará, gradualmente, até o mês de agosto, os seguintes equipamentos: a Estação das Artes, o Mercado Gastronômico, a Pinacoteca do Ceará, o Centro de Design e o Museu Ferroviário, além da novas sedes da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult Ceará) e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional do Ceará (Iphan-CE). Eles integram a Rede Pública de Equipamentos Culturais da Secult Ceará, com gestão em parceria com o Instituto Mirante de Cultura e Arte.
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