Com a proposta de valorizar a cultura e a memória do povo cearense, o novo complexo artístico no Centro de Fortaleza abrigará equipamentos de múltiplas linguagens em um espaço de 67 mil metros quadrados
O Governo do Ceará entregou, nesta quarta-feira (30), o Complexo Cultural Estação das Artes Belchior. A centenária Estação Ferroviária João Felipe, que durante muito tempo foi um espaço de passagens e despedidas no Centro de Fortaleza, reabre agora como um lugar de encontros e de convite à permanência. O patrimônio histórico e cultural do Ceará renasce como um Complexo Cultural, um empreendimento de 67 mil m². Lá, serão implantados, gradualmente, até o mês de agosto, os seguintes equipamentos: a Estação das Artes, o Mercado Gastronômico, a Pinacoteca do Ceará, o Centro de Design e o Museu Ferroviário, áalém da novas sedes da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult Ceara) e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional do Ceará (Iphan-CE). Eles integram a Rede Pública de Equipamentos Culturais da Secult Ceará, com gestão em parceria com o Instituto Mirante de Cultura e Arte.
O governador Camilo Santana abriu sua fala garantindo um investimento de R$ 70 milhões no bairro Moura Brasil. “Fica aqui meu compromisso, baseado no projeto Fortaleza 2040, nesse investimento para dar mais condições e dar uma vida mais digna à essa comunidade. Isso aqui é um patrimônio de Fortaleza, arquitetônico e histórico, faz parte da vida das pessoas de Fortaleza e do Ceará. O que eram ruínas hoje é um espaço encantador. Somos um governo que acredita na cultura, por isso investimos na economia da cultura, damos oportunidade para as pessoas e temos certeza que aqui vai ser um grande centro de atração de turistas”, informou.
O conjunto arquitetônico passou por restauração estrutural e modernização de prédios e galpões localizados em frente à praça Castro Carreira (Praça da Estação), agora devolvida à cidade como uma esplanada que integra o complexo. O investimento do Governo do Ceará na reforma e modernização do conjunto arquitetônico foi de R$ 82,8 milhões, e o projeto de intervenção teve início em agosto de 2019, sendo executado pela Superintendência de Obras Públicas do Ceará (SOP). A Estação das Artes se insere no Plano Estadual de Cultura para qualificação do Centro da Cidade e do convívio social, no âmbito do ‘Fortaleza 2040’ e ‘Ceará 2050’ através das artes e da cultura. Trata-se de um projeto que reúne políticas culturais de artes, patrimônio cultural e memória, formação, economia criativa, cidadania e diversidade cultural.
“Tenho alegria e também emoção ao ver um equipamento desse sendo entregue à população de Fortaleza. Um local que ressurgiu de prédios que estavam abandonados e evoluiu para um projeto de muita beleza. E é assim que a gente deseja, um local que esteja na cidade, disponível para a cidade, disponível em um espaço dos mais especiais de uma cidade, que é o Centro, o coração da cidade, o espaço mais democrático de Fortaleza”, pontuou a vice-governadora Izolda Cela.
História
Foi nesta Estação que Fortaleza viu o trem pela primeira vez, ainda no século XIX. Em um fim de tarde de novembro de 1873, o sino soou e o engenheiro mecânico José da Rocha e Silva, o Mestre Rocha, puxou uma corrente para dar partida ao primeiro transporte de massas da capital cearense. Seguiu rumo ao Arronches (hoje Parangaba) quando o Brasil ainda era governado por Dom Pedro II.
A Estação Central, de onde saiu aquela primeira locomotiva, depois teve sua estrutura ampliada. Nas décadas seguintes, ainda ganhou os nomes de Estação Fortaleza e posteriormente de Estação João Felipe, em homenagem a um engenheiro e político cearense de Tauá. A estrutura, que hoje se prepara para abrigar um grande complexo artístico, foi tombada pelo Estado do Ceará em 1983 e está inscrita na Lista do Patrimônio Cultural Ferroviário do Iphan desde 2008, tendo valor reconhecido pelo Programa de Preservação do Patrimônio Histórico Ferroviário do antigo Ministério dos Transportes, ainda na década de 1980.
“Com abertura gradual, o local contará com programação inicial nas manhãs de domingo. Abriremos, em breve, equipamentos que nos colocarão no mapa da cultura do Brasil. Aqui teremos a Estação das Artes, o Mercado Gastronômico, a Pinacoteca do Ceará, o Centro de Design e o Museu Ferroviário. Aqui requalificamos o Centro da cidade e promovemos o convívio social por meio de um equipamento cultural que vai democratizar o acesso aos bens serviços culturais. Vamos fomentar a cena física e cultural do Estado, promover um patrimônio cultural em memória, coletivo e social, incentivar a formação artística e cultural, gerar emprego e renda, promover a cidadania e a diversidade cultural”, ressaltou o secretário da Cultura do Ceará, Fabiano Piúba.
Desde a noite desta quarta-feira (30) o público já acessou as áreas comuns da Estação das Artes, que concentram a praça, o pavilhão de acesso, a gare e a plataforma, com a oferta de diversas programações nesses espaços. A diretora presidenta do Instituto Mirante, Lara Vieira, ressalta que a organização social responsável pela gestão do complexo tem como missão a salvaguarda do patrimônio material e imaterial do Estado do Ceará. “A inauguração da Estação das Artes representa não somente o resgate de um importante patrimônio histórico e afetivo do povo cearense, mas também sua ressignificação, por meio de novos destinos. Assim, o complexo mantém sua vocação de espaço plural e democrático, com plataforma aberta e acolhedora, mas seus trilhos agora nos movem para preservação da nossa memória e cultura, construção coletiva de novos conhecimentos, promoção de atividades formativas e difusão das mais diversas manifestações artísticas e culturais”, complementa.
Serviços e programação
A área livre do Complexo Estação das Artes estará aberta para ser aproveitada por visitantes para atividades como andar de bicicleta, uso de patins e caminhadas. Localizada no Centro de Fortaleza, a Estação contempla ainda um fortalecimento da programação de outros espaços próximos, a exemplo do Passeio Público, o Museu da Indústria e o Dragão do Mar.
“Essa estação agora, para além de ser aquela da nossa memória, agora é a Estação das Artes. Um lugar de troca de experiências, e que recebe o nome de um grande artista cearense, um gênio da música internacional e que eu conheci. Este é um equipamento formador, que se agrega ao que temos em todo o entorno, com a escola de gastronomia, escola de hotelaria, com o Dragão do Mar. Fortaleza não é mais a mesma, desde que Camilo foi governador, por isso nós só temos a agradecer”, pontuou o prefeito de Fortaleza, José Sarto.
O Complexo Cultural Estação das Artes propõe-se a dialogar com as pessoas e os espaços tradicionais do Centro de Fortaleza. As primeiras programações buscam abrir caminhos para uma construção coletiva dos futuros equipamentos com a sociedade. Elas ocorrerão, inicialmente, aos domingos e envolverão múltiplas linguagens artísticas e expressões culturais.
Exposição Nos Trilhos
No ensaio “Nos Trilhos do Tempo”, 30 imagens produzidas pelos fotógrafos Chico Gomes e Regivaldo Freitas propõem um singelo passeio por essa história sobre trilhos. Partindo de uma perspectiva antropológica, onde o homem é o centro de interesse, os registros são a um só tempo breves e emblemáticos do que se pode pensar como locomoção de vidas ao longo do tempo.
Neila Santos, o esposo Renilson Nascimento e a filha de seis anos, Iasmin, estavam entre os primeiros visitantes da exposição e ela celebrou a inauguração. “Estamos em um espaço incrível, a estação está linda, toda reformada. Eu já estive nesse espaço anos atrás e vê-la aberta ao público com todas essas expressões de arte é gratificante, muito bom para Fortaleza, para a população cearense e para os nossos visitantes. Voltaremos muitas vezes para aproveitar tudo o que for possível, programação infantil, enfim, consumir cultura é essencial para o ser humano, e na nossa família não é diferente”, disse.
Autoridades presentes
Estiveram presentes o secretário chefe da Casa Civil, Chagas Vieira, a primeira-dama do Ceará, Onélia Santana, a secretária especial do governador, Janaína Farias, o superintendente de Obras Públicas do Ceará (SOP), Quintino Vieira; o presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do estado do Ceará (Fecomércio), Luiz Gastão, o deputado federal José Guimarães; os deputados estaduais Queiroz Filho, Walter Cavalcante; o presidente da Câmara Municipal de Fortaleza, Antônio Henrique; secretário Municipal da Cultura de Fortaleza, Elpídio Nogueira; Luisa Cela e Mariana Teixeira, secretárias executivas da Secult-CE; o secretário da Regional XII, Júlio Santos; os vereadores de Fortaleza Guilherme Sampaio, Leo Couto, Pedro França, Moura Taxista, Larissa Gaspar ; Rachel Gadelha, presidenta do Instituto Dragão do Mar (IDM); diretora da Estação das Artes Belchior, Uliana Lima; diretor da Pinacoteca do Ceará, Rian Fontenele; diretor do Mercado Gastronômico, João Lima; diretor do Centro de Design, Rodrigo Costa Lima; representando a Comunidade Moura Brasil, professora Lúcia Viana; e o superintende do Iphan, Cândido Henrique; Vannick Belchior, filha do homenageado Belchior; Presidente da Associação dos Ferroviários; Presidente da Associação dos Engenheiros da RFFSA; o artista Descartes Gadelha; o ex-deputado estadual Eudoro Santana e o fotógrafo Thiago Santana.
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