Localizado em Juazeiro do Norte, o equipamento vai acolher e realizar atendimento humanizado a mulheres vítimas de violência em 29 municípios da região
O 8 de março tornou-se uma data ainda mais importante para as mulheres da região do Cariri com a inauguração da primeira Casa da Mulher Cearense. O equipamento, instalado em Juazeiro do Norte, oferece uma série de serviços de apoio, acolhimento e proteção à mulher em situação de violência em um só espaço. A Casa foi inaugurada, nesta terça-feira, data em que se comemora internacionalmente o Dia das Mulheres. A unidade, primeira criada pelo Governo do Ceará, vai atender 29 municípios da região do Cariri. A coordenação do equipamento será da Secretaria da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos (SPS).
Idealizada a partir do exemplo da Casa da Mulheres Brasileira, a Casa da Mulher Cearense chega cercada de diversos simbolismos que buscam uma única finalidade: acabar com a violência de gênero, segundo o governador Camilo Santana. “Estamos levando essas casas para todas as regiões do Interior. Aqui vai ter todo o apoio para as mulheres vítimas de violência e não vítimas. Vai ter trabalho social, capacitação, acolhimento. Que essa Casa possa servir para dizer aos homens que precisamos dar uma basta à violência contra as mulheres e encorajá-las a denunciar. A partir de hoje essa casa estará 24 horas para apoiar, acolher e proteger todas as mulheres do Cariri”, destacou o governador.
No local, as mulheres que denunciarem as situações de agressão terão acolhimento de uma equipe multidisciplinar, que conta com assistentes sociais e psicólogas no atendimento integrado aos órgãos da Justiça. Além disso, o equipamento tem atuação na promoção da autonomia econômica e espaço para casa de passagem. Para dar mais confiança, as equipes serão formadas por mulheres, que passaram por treinamento para o atendimento humanizado.
A vice-governadora Izolda Cela reforçou o bom resultado obtido quando políticas públicas são promovidas em consonância entre os poderes. “O Governo do Estado tem uma palavra de ordem que é integração, articulação e parceria. Trata-se de um modelo de serviço que se beneficia desse tipo de força e potencial, que são as instituições juntas trabalhando por uma causa muito nobre. As mulheres podem procurar essa casa para ajudar na proteção de suas vidas. A violência contra a mulher rebaixa moralmente nossa sociedade. Que possamos juntos banir do mundo essa opressão”, enfatizou Izolda.
Ao todo, foram investidos mais de R$ 4,3 milhões via Programa de Apoio às Reformas Sociais (Proares III). A Casa da Mulher Cearense ocupa uma área de mais de 1.700m² e conta com área para o administrativo, Delegacia da Polícia Civil, Tribunal de Justiça, atendimento psicossocial, Ministério Público, Defensoria Pública, apoio, auditório, pátio interno, brinquedoteca, refeitório, vestiários, depósito, estacionamentos e áreas de jardins e passeios.
Empoderar para libertar
Além de atuar na proteção da mulher, através de medidas judiciais e de segurança pública, a Casa da Mulher Cearense vai trabalhar para dar àquela vítima condições de não depender mais financeiramente do seu agressor. Socorro França, titular da SPS, relatou algumas medidas desse tipo. “Nessa casa de passagem a mulher vai ser acolhida 24h, 48h. Vamos ter capacitação para darmos autonomia econômica às mulheres. De nada adianta a mulher ser atendida se ela não tiver como chegar no mercado de trabalho para se libertar dos grilhões de antigamente. Essa é uma política pública republicana, democrática e libertária”, informou a secretária.
A primeira-dama Onélia Santana avisou que o equipamento já inicia suas atividades atendendo pessoas em busca da independência financeira. “Essa casa vai acolher as mulheres violentadas, mas não só elas. Teremos também cursos de capacitação profissional. Estamos iniciando com seis turmas e ao término do curso ela vai lá receber seu kit para iniciar seu negócio. Tudo isso são políticas públicas voltadas para as mulheres porque acreditamos no potencial das mulheres na luta constante que faz nosso Ceará crescer”, disse Onélia.
A entrega do equipamento foi acompanhada por centenas de mulheres. Dentre elas, estava a servidora pública Liraneide Macedo, que, ao lado da filha e das duas netas, comemorou o espaço de apoio às mulheres da região vítimas de violência. “Enxergo esse espaço como um local de acolhimento e proteção da mulher. Acho que, com a chegada dessa casa, a violência contra mulheres irá diminuir. E, caso ocorra, aqui terá todo acolhimento e infraestrutura necessária para dar força à mulher agredida e sua família”, comentou Liraneide.
A desembargadora Nailde Pinheiro, presidenta do Tribunal de Justiça do Ceará, disse que era um orgulho ter o Poder Judiciário dentro desse equipamento, que beneficiará tantas mulheres de tantos municípios. “Esse equipamento vem beneficiar 29 cidades da região, que serão contempladas com essas pastas de serviço. O Poder Judiciário hoje se sente prestigiado por dentro desse equipamento ser construído um Juizado da Violência Doméstica. A essas mulheres, que estão sendo vítimas, procurem esse equipamento, pois todas vocês serão bem acolhidas”, aconselhou a presidenta do TJCE.
O deputado estadual Evandro Leitão, presidente da Assembleia Legislativa, avalia que o Ceará continua na luta por mais respeito da forma como deve ser. “Enquanto outros locais incitam violência, o Ceará vai de encontro a essa situação. O Estado dá exemplo, mais uma vez, que violência não se resolve com violência. Esse problema se resolve formando, equipando, orientando e capacitando as pessoas. Esse espaço irá fazer tudo isso”, pontuou o parlamentar.
Mais casas pelo Ceará
O Ceará vai ganhar mais cinco casas de acolhimento desse porte. Duas já estão em fase de construção, localizadas em Sobral e Quixadá, com 30% e 59% das obras executadas, respectivamente. Essas duas receberão R$ 7,4 milhões de investimento. Outras três estão em fase de licitação ou planejamento e serão instaladas nos municípios de Tauá, Crateús e Iguatu.
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