João Ricardo Serra, 23, tem recuperação considerada milagrosa por profissionais de saúde
Um acidente de moto mudou completamente a vida de João Ricardo Serra e da esposa, Beatriz Campos. O jovem de 23 anos sofreu um traumatismo craniano e ficou minimamente consciente. Os médicos alertaram que não havia previsão para ele acordar, mas Bia, como gosta de ser chamada, se manteve otimista. E deu certo. O paciente recebeu alta na última quarta-feira (26).
Serra ficou na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital público durante dois meses até ser transferido para a enfermaria do Hospital Geral Waldemar Alcântara (HGWA), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) administrada pelo Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH). Após a fase crítica, o paciente foi recebido pela equipe da Casa de Cuidados do Ceará (CCC), também da Rede Sesa e gerida pelo ISGH.
A esposa, que também passou a ser cuidadora do jovem, acompanhou tudo de perto. Ela não só recorda de todas as fases vividas, como também tem tudo registrado no celular. “Lembro, como se fosse ontem, do dia em que ele sorriu pela primeira vez. Também lembro das vezes que a pupila do olho ficava dilatada e de seus gestos com as mãos, mesmo sem conseguir falar nada. Fiquei muito emocionada”, diz.
Bia guardou, inclusive, a primeira frase dita por ele: “Quero brincar”. A brincadeira favorita do marido é jogar bola, então, uma bola rosa foi providenciada pela equipe para atender ao pedido. O brinquedo ficava no armário do quarto do paciente para que ele brincasse (sem esforço) quando quisesse.
Além da esposa, Serra tem outras duas grandes paixões: um casal de cães. Ele pegava o celular para mostrar a quem estivesse no quarto vídeos e fotos dos pets. “Muita saudade”, dizia, com lágrimas escorrendo pelos olhos.
Assistência
Serra foi assistido pela equipe de Fisioterapia, Nutrição, Fonoaudiologia, Terapia Ocupacional, Enfermagem e Psicologia do espaço. “Ele chegou sondado, traqueostomizado, pouco contactante e pouco responsivo aos estímulos. Nosso trabalho foi oferecer estimulação cognitiva, afetiva e subjetiva ao paciente até a melhora do seu estado geral. Hoje, ele já tem um maior grau de independência, apresenta interação e já consegue formar frases”, explica Lorena Coelho, psicóloga da CCC. Bia também teve participação nesse estímulo. “Eu falava metade de uma palavra e ele completava”, afirma ela, orgulhosa.
Paciente passou por estimulação cognitiva, afetiva e subjetiva para recuperar a fala e os movimentos do corpo
O aniversário de Serra, outro momento marcante, foi celebrado pelos profissionais no equipamento. Mas, para ele, o maior presente é a conquista da alta, com o retorno ao lar. “Esperei muito por esse momento”, pontua.
Além do laço de amor fortalecido com a rotina de cuidados, Bia criou uma nova relação de afeto com os profissionais da CCC. Apesar das lutas, ela sempre seguiu confiante de que a vitória chegaria, principalmente com o atendimento humanizado proporcionado no espaço. Por isso, em seu perfil no Instagram, compartilhou com seus seguidores todas as evoluções do quadro do marido, além de expressar toda a gratidão pelo trabalho desenvolvido pela equipe de trabalhadores da unidade.
“Enfim, o dia da alta do nosso meninão chegou. Agora, ele ganhou um recomeço e uma nova história. Ele nos ensinou muito sobre perseverança, fé e alegria de viver. A saudade aqui na CCC fica, mas a alegria é bem maior ao vê-lo recuperado e voltando para casa”, ressalta a fisioterapeuta Bárbara Nogueira.
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