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No Dia Internacional dos povos indígenas, lideranças destacam o fortalecimento e a visibilidade de sua lut

Nove de agosto é o Dia Internacional dos Povos Indígenas, data instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1995. Organizados e ocupando espaços na política e em diversas áreas do conhecimento, os povos indígenas têm criado suas próprias estratégias para dar visibilidade às suas pautas, seja nas redes sociais, no congresso, nas escolas. Neste ano, eles utilizam a data para ampliar a luta pela terra.

As lideranças indígenas Ceiça Pitaguary, Weibe Tapeba, Juliana Jenipapo-Kanindé e Adriana Tremembé compartilham suas vivências à frente destas lutas pelo território e pelo direito de existir com toda a sua diversidade.

Resistência

Liderança na terra indígena da Barra do Mundaú, em Itapipoca, Adriana Tremembé conta que nunca foi fácil a luta pelo território e pelos direitos dos povos indígenas. “Eu gosto sempre de lembrar que nossa luta vem ganhando cada vez mais força e apoiadores não-indígenas porque nunca desistimos de buscar os nossos direitos”, ressalta. Adriana considera que o uso das novas mídias e a própria internet são aliadas da causa. Ela observa que os povos indígenas têm conseguido utilizar estes recursos ao seu favor, mostrando suas lutas diárias e resistência contra as investidas de apagamento da cultura indígena.

Adriana lembra que estes desafios já são enfrentados há tantos anos e nunca paralisaram os povos indígenas. Pelo contrário, fortaleceram ainda mais a luta dos povos originários. Determinada, ela comemora as conquistas do povo tremembé: educação e saúde diferenciadas, e o principal: a demarcação física do território tremembé. “A cada dia que se passa, são mais desafios pra nossa luta. Só aprendemos a lutar, resistir e persistir e não desistir dos nossos direitos, do viver bem, dos nossos ancestrais, de nossos encantados nos nossos territórios”, observa.

Visibilidade

“Nós, povos indígenas, tivemos que aprender a criar nossas próprias estratégias para visibilizar nossas pautas”, lembra Juliana Alves, cacica Irê do povo Jenipapo-Kanindé e coordenadora da Articulação das mulheres indígenas do Ceará (Amice). “Nós não lutamos sozinhos, temos o apoio da sociedade civil, de ONGs, e tenho percebido que a nossa presença nas redes sociais têm trazido maior visibilidade a nossa luta, que é contínua. Faça chuva ou faça sol nós estamos firmes no nosso propósito”, afirma. A cacica observa que os povos indígenas têm se organizado muito, o que possibilita a ocupação de espaços de poder, com parlamentares e doutores.

“A nossa luta é forte porque sempre buscamos forças uns nos outros, a coletividade é o nosso modo de vida e nós levamos isso também para nossa luta, que é tão árdua, mas nós nunca vamos desistir. Enquanto tiver um indígena sobre esta terra, todos os outros estarão representados”, enfatiza Juliana.

Fortalecimento

Ceiça Pitaguary, coordenadora da Federação dos Povos e Organizações Indígenas do Ceará (Fepoince) e assistente técnica da Coordenadoria Especial de Políticas Públicas para Promoção da Igualdade Racial (Ceppir) da Secretaria da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos (SPS) ressalta que mesmo com os retrocessos dos últimos anos, as lutas indígenas não esmoreceram. “Nós conseguimos tirar nossa luta só da aldeia e hoje temos muitos aliados que lutam ao nosso lado, entendendo que juntos nos fortalecemos na luta pela garantia de direitos”, destaca.

O advogado da Federação dos Povos e Organizações Indígenas do Ceará (Fepoince) e liderança indígena, Weibe Tapeba, ressalta que é urgente que a sociedade se una aos povos indígenas nesta luta pela terra e pela preservação dos territórios tradicionais. “A demarcação pelas nossas terras é uma das principais bandeiras de luta dos nossos povos, que vêm conquistando cada vez mais espaço nas plataformas digitais e no parlamento. Estamos lutando com tudo que temos e eu percebo que tivemos um ganho enorme ao longo destes anos, no quesito de apoio a nossa causa. Estamos articulados em diversas frentes para garantir que nossos direitos sejam respeitados e sempre pautados dentro da lei”, lembra Weibe, que pontua: “A luta dos povos indígenas hoje é uma luta de todo o Brasil”.

Povos indígenas do Ceará

No Ceará, vivem hoje os povos Anacé, Gavião, Jenipapo-Kanindé, Kalabaça, Kanindé, Kariri, Pitaguary, Potiguara, Tapeba, Tabajara, Tapuia-Kariri, Tremembé, Tubiba-Tapuia, Tupinambá e Karao.

Segundo a ONU, existem cerca de 370 milhões de indígenas em 90 países, o que representa em torno de 5% da população mundial. Trata-se de mais de 5 mil grupos diferentes que falam aproximadamente 7 mil línguas. No Brasil, de acordo com o Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2010, há 896,9 mil indígenas presentes em todos os estados brasileiros. São 305 etnias, que falam 274 línguas. Há ainda um grande número de povos isolados, não contabilizados pelo Censo.

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Escrito por tvprincesavalenews

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